Capítulo 3: Por um fio
"Depois de um longo descanso no templo, minha jornada continuava. Explorei um pouco a cidade atrás de mantimentos e equipamentos melhores. Por fim estava na saída norte. O único guarda me alertou dos perigos que acercavam Duskwood. Um mix de emoções tomaram conta e meu espírito aventureiro passou a me guiar. Eu estava prestes a conhecer as aventuras reais deste lugar misterioso."
"Por instinto, segui a margem do rio a fim de estabelecer acampamento próximo dali. Fui criada desse forma por meu pai, que me ensinou os básicos de caça antes de partir em sua jornada. A algumas horas de caminhada a leste, encontrei um vilarejo pouco habitado. Era bem rústico e hospitaleiro, apesar dos poucos moradores. Seria uma bom lugar para passar a noite do primeiro dia.
"Uma das moradoras estava um pouco abalada com os ataques de Slimes e oferecia uma recompensa para matá-los, por menos que tivesse a oferecer. Estes monstros pareciam dar trabalho, queria não ter que enfrentá-los tão cedo. Como de praxe, ofereci a minha ajuda, mesmo que hesitando. Precisava encarar meus receios nesta jornada. Tudo pra mim era um teste de coragem e superação, não posso me dar ao luxo de sentir medo!"
"Como única pista, ela me disse para seguir a oeste até os pântanos. Era uma caminhada longa. Me instalei na Pousada do vilarejo e passei uma parte da noite brincando de fazer magia. Aquela aura luminosa era um excelente artifício para explorar cavernas escuras sem carregar tochas. O tomo estava se mostrando mais do que útil: essencial.
No dia seguinte, juntei toda a comida que pude e parti em direção aos pântanos do Oeste. Foram oito horas de uma cansativa caminhada ; não estava acostumada a isso. Por segurança, me mantive na parte da floresta que estava mais próxima às muralhas de Duskwood. Pude caçar alguns veados e javalis no meio do caminho para estocar um pouco de carne e me manter alimentada durante a viagem."
"Pouco antes de chegar ao Pântano, me deparei com os primeiros Slimes. Eles estavam infestando as florestas ao redor. Eu me senti no dever de me livrar de todos eles. Não é a toa que os moradores estavam com medo, estas criaturas se multiplicavam com mais velocidade do que coelhos."
" Conforme os Slimes apareciam com mais frequência, a muralha de Duskwood ia sumindo de vista. Para não me perder, marquei algumas árvores com flechas. Mesmo que as flechas caíssem mais tarde, as feridas nos caules lembrariam as minhas marcações. Não demorou muito para que encontrasse o Pântano do Oeste. Criaturas nojentas; estavam por toda a parte.... Algumas pontes destruídas e consumidas por musgos exaltavam as tentativas fracassadas de manter o lugar sob controle num passado desconhecido. Um buraco com uma placa indicando perigo e uma caveira em sua ponta ressaltavam o covil das criaturas. A hora havia chegado."
"O cheiro úmido e ardente de seu veneno tomava a atmosfera e me invadia os pulmões. O local estava infestado. A vida naqueles labirintos subterrâneos progredia de acordo com o que os Slimes ditavam; seu instinto era assassino e devastador. Eu não podia permitir que aquelas pessoas continuassem a temer este mal e que ele se espalhasse por essas terras. Segurava a lança de meu pai com força e com o escudo levantado. Minha guarda estava alta e pronta para qualquer ataque."
"O tempo parecia passar devagar lá dentro e eu mal sabia se era de dia ou de noite. Sabia que haviam se passado muitas horas desde que tinha chegado. Tinha caminhado a ponto de sentir fisgadas fortes nos músculos das pernas. Aquela atmosfera hipnotizante me engolia. Parei um pouco para me alimentar em uma área aberta e bem iluminada por minha aura; estava segura... Pelo menos era o que eu pensava! A falsa segurança me deu sono e ali adormeci, protegida apenas pela aura luminosa que se esvaía a cada inspirada daquele ar amaldiçoado."
"Acordei com o som rastejante dos Slimes. Eles haviam se multiplicado demais... Como eu encontraria o original com tantos em volta? Estava assustada; foi um vacilo de principiante! Minha aura estava fraca; proferi as palavras corretas e, para meu terror, a aura que se estendeu revelou um número incontável das criaturas.... Era o meu fim..."
"A grande aura de luz revelou meu tomo de magias debruçado sobre uma pedra com musgo. Meus olhos se arregalaram com a surpresa. Eu o abri seguindo as suas seções sem ao menos ler muita coisa. As palavras estavam quase embaralhadas com a adrenalina da situação. As criaturas se aproximavam... Eu bati os olhos em uma das magias. 'Caldeira Divina'. Sua descrição dizia algo sobre energia massiva em área; deveria bastar. As palavras eram difíceis de pronunciar, mas, com muita convicção, calma e firmeza na voz, proferi cada palavra, sentindo o arrepio do mana que se esvaía de meu corpo e se transformava naquela energia luminosa e divina, envolvendo cada Slime em cada pequeno espaço daquele lugar. Seja lá quem fosse o original, havia sido engolido por aquele poder estupendo!"
"Meu corpo estava em êxtase, nunca havia sentido tal sensação em toda a vida. Era como se um ser maior e além da compreensão me tocasse e me usasse como filtro para exercer sua existência. A partir daquele ponto eu estava confiante para adentrar mais afundo naquele labirinto. Deveria de haver um fim para minha caminhada e para a quantidade daquelas criaturas."
"Me deparei com criaturas mais fortes e perigosas do que os Slimes. Uma delas em particular me assustava, desde seu som amedrontador até o seu tamanho. Parecia como um aprimoramento dos Slimes, era humanoide e grande. Da mesma forma que os Deuses estavam do meu lado, haviam demônios me incentivando à morte. Aquela criatura horrenda estava presa e eu jamais pensaria em tirar ela dali! O tempo e atmosfera daqueles labirintos subterrâneos tornaram possível a existência daquilo..."
"Tenho certeza que passaram-se dias desde que eu iniciei nessa empreitada. Por fim consegui me livrar de grande parte destas criaturas. Não posso dizer que me livrei delas totalmente, pois são como ervas daninhas que nascem e se multiplicam sobre as plantações. O que posso dizer sobre estes Slimes é que não vão incomodar mais nenhum cidadão de Duskwood tão cedo. Encontrei o caminho para a superfície. Estou agora a caminho do vilarejo para informar meu sucesso. Espero poder dormir bem esta noite."
Duskwood tem se mostrado um local rondado por mistérios e aventuras ocultas. Será que o pai de Umurra havia lhe indicado o local correto para iniciar sua jornada? Os perigos eram iminentes e sua lança deixaria de ser forte contra tais forças. Umurra precisaria descobrir o melhor de si a cada batalha. O mundo ainda lhe reserva experiências incríveis e mortais...
PS.: Desculpem, me empolguei demais escrevendo dessa vez
Editado por ChaosHunter, 27 December 2017 - 21:26 .