Fig. 1
Dolce Acqua
Nada mais sagrado que as águas da vida; o brinde da gênese passado das Entidades às mãos de gerações primitivas, à criação de vida como conhecemos, e à cura da ferida da existência.
As correntezas de todo o globo conduziram os mais mundanos à divisão de espécies, formas, atributos, credos, e poderes, ainda quando nossa terra ainda dava seus primeiros passos rumo à Era da Construção; as borbulhantes crateras das profundezas condensaram os elementos na hierarquia como hoje os percebemos; o vapor denso de oceanos propagou vida até nos cantos mais inóspitos; a fúria das fendas e das tempestades em alto mar moveram mitologias inteiras à ascensão; e a magia de um tsunami de eras e eons garante à água, a vida.
O divino.
A impetuosa natureza imparável das correntezas devastaram desafiantes; as borbulhantes crateras das profundezas criaram ambientes devassos de insaciedade e terror; oceanos foram dominados por criaturas devastadoras com um poderio de destruição igualável à essência de criação das águas que percorrem; e a vastidão da catarse divina inundou os mais prósperos, embora profanos, reinos como punição da própria gênese.
O profano.
A dualidade da imensidão azul, que contorna cada pedaço de terra, e que compõe cada criatura viva - incluindo as antagônicas à própria água -, inebria o peregrino que tenta compreendê-la. Figuras míticas e divindades de povos antigos, hoje, tentam manter seu histórico de criação e destruição pelas tempestas e inundações, enquanto naufragam perto das forças de produtos de sua própria ação, eons atrás. A água que cura já foi a água que subjugava, e Deuses Terrenos sabiam como utilizar o ciclo da criação como penitência.
Mesmo em tempos atuais, na transição de crenças e realidades, mesmo com a ciência e a mais alta ordem de magos e sacerdotes, ainda sabemos assustadoramente pouco sobre o que os mares e as marés nos guardam; acredita-se que os elos entre mundos e planos, inclusive, sejam forjados nos limiares das profundezas de cada oceano que desagua na fonte da vida. As Fronteiras de Verne são um exemplo de como nossa realidade se perde num infinito espelho de semelhanças e diferenças com outros universos, submergidos nas profundezas desconhecidas da origem da vida.
Entre corais e trincheiras, a escolha entre imortalidade e sacrilégio.